quarta-feira, 24 de junho de 2009

Já não me lembrava de como era ser fitada com um olhar de verdadeiro ódio, mas hoje dei banho ao gato.
Rasgadas as luvas que me protegiam as mãos e arranhados os meus braços, o Xico parou de se debater e bastou-se com miados desesperados durante o martírio. (Aos amantes
nerds de gatos devo dizer que fui aconselhada a submeter o bichinho, uma vez que, como larga muito pêlo, o banho é essencial para prevenir bolas de pêlo demasiado grandes que o levariam a engasgar-se.) Findos os minutos refrescantes no tanque, vali-me da toalha, nunca com movimentos bruscos - há que recordar que o gato é um animal visto erradamente como domesticado - e enxuguei a criatura, que agora passara do gutural "miaaaaaaaaaaaaaaaaaaau" para um "hmmmmmmmmmm!" ameaçador.
Cautelosamente, coloquei-o no chão e afastei-me. E enroscando-se sobre si mesmo, o Xico começou a lamber-se enquanto os seus orbes azuis se fixavam em mim, ardendo com o mesmo fogo que vejo nos olhos da minha mãe cada vez que a Ministra da Educação aparece na televisão.

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