quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

"Studiosa sum!" ^^

Eis que me sinto genuinamente feliz por ter faltado a um exame (sim, EU!). A pauta dos resultados obtidos pelos meus massacrados colegas assemelha-se a um cenário de destruição maciça na Alemanha do pós-guerra - atrever-me-ia mesmo a invocar Dresden. Olhando para a inutilidade a que tinham sido votados os seus esforços, tive orgulho em mim mesma por ter resistido à tentação de pôr os pés naquele exame - não faz sentido propormo-nos ter os nossos conhecimentos avaliados quando não temos conhecimentos de todo...
E nesta euforia de elevação da minha auto-estima pelas razões menos nobres, posso dizer que hoje compreendi finalmente a diferença entre um aluno e um estudante, percebendo que, se até cerca de metade do ano passado me incluía na primeira categoria, este ano migrei para a segunda.

Conceba-se o antagonismo(este pormenorzão é em homenagem à Pipette, que tanto ama a língua latina):

Aluno
Do latim "alumno", é aquele que recebe lições de alguém (o conhecimento como iluminação, "lux"). Ser intelectualmente imaturo, não perspectiva sequer a possibilidade de autonomia ou de flexibilizar a sua aprendizagem. São-lhe portanto incompreensíveis as hípoteses de:
a) não estudar por manuais escolares;
b) estudar apenas por apontamentos próprios;
c) não estudar;
d) contrariar a tese do professor/do manual/seja do que for;
e) faltar às aulas (de que outra forma poderá obter "lux" senão do petromax que é o professor?);
f) não se guiar por um inviolável calendário de actividades e planificação do magno estudo;
g) outras (varia conforme o grau de obsessão).

Estudante
Do latim "studiosus". Ora, sabendo que "studium" se refere a "boa vontade"/"determinação"/"aplicar-se em", concluímos então que o estudante é, acima de tudo, bem intencionado. Autodidacta, prima pela independência no seu estudo (não é como o aluno, esse vicioso e incapaz enrascado). Confia cegamente nos seus apontamentos, maxime da segurança e do pragmatismo pedagógico. Sabe que, se não passar na altura, para o ano haverá mais e será para arrasar na escala. Para o estudante, os livros e os senhores doutores existem, mais do que para ser lidos e ouvidos, para ser questionados. Para quê assistir a todas as aulas? Há que reformular as prioridades quando se denota a inutilidade da exposição do docente! Evita os exames e trabalhos quando preveja insucesso, recolhendo-se à vantajosa acumulação de energias (não se confunde com preguiça!).
Reveste-se, em suma, de toda uma aura de serena sabedoria (ou pelo menos de serenidade, se do segundo substantivo nada restar...).

1 comentário:

Inês disse...

Lol devo dizer que consigo reunir as partes más das duas definições :p amazing!