quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

"Ces gens-là", les étudiants

Inspirou-me uma canção do imortal Jacques Brel a reflectir sobre “ces gens là”, os estudantes…Mas não todos os estudantes, que me impede a ainda esperançosa minoria hoje e sempre resistente à estúpida euforia do “viver académico” levado pelos respeitáveis colegas (e que é tudo menos isso mesmo). Falarei, portanto…dos outros. Desses estudantes assim.

Distinguem-se desde logo na arte de acumular livros e apontamentos e notas e lembretes em pilhas de fazer inveja à Torre de Pisa, isto sem jamais lhes tocar, guardando preciosamente a virgindade dos papéis queridos até uma semana antes das frequências. Nas aulas – aquelas em que ainda vão –, esses estudantes assim ousam colocar pertinentes dúvidas, atrevem-se a comentar o que não sabem e o que não se deram ao trabalho de estudar, culpando mais tarde os professores, o azar e a dificuldade das matérias pelo seu augusto espalhanço examinal. Reclamam esses estudantes assim o rasgar de horizontes e o frenético ritmo quotidiano de quem é arrogante o suficiente para se acreditar capaz de acabar um curso com sucesso desbaratando estudos e amizades, adiando investigações científicas e antecipando investigações na excelsa área da enologia ou mesmo da refinada “música” disco, recostando-se em desconhecidas camas alheias como quem se recosta em qualquer banco de jardim: sabendo que daí a umas horas outro estará no seu lugar.
Oh, não meus senhores…Esses estudantes assim, eles não vivem. Eles utilizam a vida como quem utiliza uma prostituta, sem a amar ou respeitar.
E esses estudantes assim…esses estudantes assim, caros leitores, eles são proxenetas entre si. Partilham dessa mesma rameira que é a vida de que se servem. Eles não fazem amor com a vida. Fodem-na.
E não pensam esses estudantes assim no remorso que não tardará. E não pensam esses estudantes assim que acabam por não viver, meus senhores, oh não…de tanto fervor de querer conhecer, experimentar e saber, valor algum se dá seja ao que e a quem for que se tenha.
E não se vive. Passa-se o tempo. Queimam-se verdadeiras oportunidades. Saltam-se os melhores anos da nossa vida comprometendo-se os anos vindouros com a irresponsabilidade do Presente. Que lamentáveis, esses estudantes assim. Que lamentáveis, os profissionais de amanhã.
Saibam viver. Aprendam a viver. E depois, meus colegas, DEPOIS sim, terão calibre para se autodenominarem de estudantes!

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