quinta-feira, 26 de março de 2009

A revolta da vizinhança

Entrei em casa atirando a porta a fechá-la. Não fora pelo respeito que a minha mãe lhe tem, teria mandado a senhora à fava.
A infame exigência disfarçada atrás do sorrisinho cínico!E tudo por causa de meia dúzia de pêlos de gato! Lá fui eu com o martelo e os pregos atrás colocar uma nova rede na janela da adega, não vá a excelentíssima vizinha achar o seu direito de propriedade vilipendiado pelas dormidas nocturnas do Xico sob os seus preciosos sacos.
E, ao abrir a porta de casa pouco depois, deparo-me com uma procissão de beatas, atirada pelo legítimo e fumador esposo da excelentíssima queixosa. Haja lata. Vem ela exigir-me que tenha mão no gato quando ela não tem mão no marido... Certamente a minha vizinha não conhece a estupidez do que em Direito chamamos de tu quoque.

Às vezes enerva-me viver num país chamado Portugal.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Um miau peculiar

Não, hoje não vou difamar o meu gato. Simplesmente encontrei esta imagem aqui no blog e fiquei a pensar "Isto existe? Ou então é uma montagem muito bem feita."

E EU QUERO UM DESTES
Por acaso, existe mesmo. Eis uma raça de felis silvestris catus que desconhecia absolutamente (escândalo). Aparentemente foi a criação de uma americana bem intencionada, nos anos 60 do passado século - ela achou que, cruzando gatos selvagens (gatos-leopardo) com gatos domésticos, iria conseguir uma raça domesticada com a pelagem que tanto atraía as senhoras (e que levava ao abate de muitos gatos-selvagens adultos, deixando as crias indefesas e ameaçando a espécie); a ideia era que, ao ver gatos de amigos ou vizinhos com aquele pêlo levasse essas maníacas da moda a repudiar os casacos que custavam tantas vidas de gatos selvagens.



PS: Aos Fdupianos; imaginem o que não era largar uma bicheza destas lá na Fdup. A Profª Drª Tininha (que tem a mania que é "exótica", segundo a própria) ainda pensava que estava num safari na Índia.

sábado, 14 de março de 2009

Um bom cão

Eu tinha sete anos e queria um cão. E deram-me esse presente no Natal de 1996. Era uma coisinha minúscula e branquinha, um narizito preto e olhos castanhos destoando na alvura do seu pêlo sedoso. Um autêntico peluche com vida. Parecia ter pilhas no lugar do coração, era impossível que parasse quieto ou se deixasse de esconder debaixo dos móveis ou atrás do sofá. Tímido por natureza, só havia uma coisa em que se libertava absolutamente: saltar. E assim lhe arranjámos o nome, análogo ao do canguru que aparecia na televisão quando os meus pais eram pequenos - Skippy. O meu avô, que não atinava com o inglês, teimava em denominá-lo "rente-ao-chão".
O Skippy era moçambicano, nasceu em Novembro de '96 em Maputo e viajou alegremente para Portugal no bolso de um amigo do meu pai, que declara que "ainda mamou alguns whiskeys de borla à custa do cachorro", já que uma das hospedeiras de bordo se apegou ao bichon-maltês bebé durante o longo vôo.
Durante quase 13 anos foi o meu bichinho, um bom cão, não fazia barulho nem mordia ninguém, nunca estragou mobília, apenas roeu alguns chinelos durante a infância, tendo-se depois corrigido. Cresceu até aos 50 cm certos de comprimento e vinte de altura, imponente nas patitas ágeis. Adorava andar de carro, especialmente em grandes viagens, tipo Porto-Algarve, estava nas suas sete quintas. O seu ódio por gatos foi ironicamente suprido no seu último ano de vida, quando introduzi cá em casa um felino ladrão que dá hoje pelo nome de Xico. O Skippy, já reformado e cansado, ainda foi para o gatinho uma espécie de mãe (a mãe que o Xico não teve), dormindo ao seu lado e brincando carinhosamente com ele.
Mas, repentinamente, a sua idade avançada e resultados alarmantes em análises ao sangue ditaram a decisão incontornável. Ontem, tive de me despedir dessa bolinha de pêlo. E porventura acharão parvo alguém escrever tudo isto sobre um animal de estimação. Mas não se tratava de um cão qualquer. Era o meu cão, e a melhor prenda de Natal que já tive. A sua partida significou mais uma extracção da minha infância, a Vida não dá nada a ninguém, só tira, mas desta vez fui eu quem tirou algo de mim mesma.
O Skippy foi um bom cão...foi um óptimo cão. Espero ter estado à altura de tudo o que ele me deu, naquele momento em que foi preciso escolher entre o meu egoísmo e o seu bem-estar.
Eu tinha sete anos e queria um cão. Eu tenho dezanove anos e libertei o Skippy. Quando me despedi dele e o coloquei de volta no cubiculozinho onde estava internado, os seus olhos quase cegos fitaram-me tristemente. "Mas não me levas contigo?", parecia perguntar. Não...não o podia levar comigo. E afinal de contas, roubada mais uma peça da infância e tomada uma decisão de adulta consciente, sinto-me novamente aquela menina de pouco mais de meia dúzia de anos.




Como são arrogantes os humanos que se acreditam adultos capazes e corajosos...no fim, por muita infância que nos roubem ou tiremos de nós mesmos, nunca deixamos de ser aqueles impotentes miudinhos que queriam tanto um cão.

domingo, 8 de março de 2009

Antes de uma aula de Teoria Geral do Direito Civil II

Dramatis Personae
R., cidadã equipada com decote. 19 anos
H., cidadão escrevinhador de intenções duvidosas. 20 anos
V., cidadão maduro revestido de experiência e de má-fé.
Ch., cidadã em dúvida existencial sobre o começo da estação primaveril .19 anos
C., cidadã dotada de um sublime decote. 20 anos


Cenário: Anfiteatro 1.01, após o almoço. Sobe o pano

R. - H., essa tese além de contraditória é ridícula, sinceramente, vai-te f*d€r.
H. - Nah, isso foi ontem à tarde! *riso incrivelmente mafioso*
*fartos protestos por parte dos solteiros e dos comprometidos frustrados*
H. - *na tentativa de desviar o assunto* Ó V., já viste, isto agora aparece um raio de sol e elas descascam-se logo todas.
V. - A Primavera é uma maravilha!
Ch. - A Primavera não começa só a vinte e tal de Março?
H. - Ainda vai chegar o tempo em que já nem trazem lenços para tapar os decotes *aponta para R. com a caneta*, aí sim! Isto ou é ou não é, vir p'r' aqui com decotames e depois tapá-los, é o mesmo que mostrar o chupa-chupa à criancinha e depois não lho dar!
R. - És indecente!!! *ri às gargalhadas perante a expressão fingidamente ofendida de H.*
V. - Olha, é mesmo isso, vamos instituir a Fundação para a Renovação de Gerações! A R. ajuda, que é uma rapariga muito prestável. Ó C., também queres participar?
C. - *olhar ameaçador* Já tinha idade para ter juízo...
V. - Realmente não sei o que se passa comigo, as minhas meninas dão cabo de mim. Esta Primavera vai ser f*did@.
Ch. - Mas afinal não começa só a vinte e tal de Março?
Chega a docente. As personagens insultam-se entredentes e riem. Cai o pano.

sábado, 7 de março de 2009

Factos Fdupianos

1. Introdução ao Direito é, na verdade, Introdução ao Direito Civil.
(Divergência na Doutrina: Pipette defende que Introdução ao Direito é, na verdade, Teoria Geral do Direito Civil)

2. A ementa do Parcauto não é verosímil.

3. Não ligues para a secretaria, ninguém vai atender a chamada.

4. O Sr. Ferreira está para a Fdup como o Dalai Lama está para os budistas.

5.Teoria Geral do Direito Civil I é, na verdade, Introdução às Obrigações e ao Direito Sucessório.

6. As torradas do bar apenas valem a pena ser comidas na segunda-feira.

7. Nas orais: não importa saber muito mas sim conseguir convencer o professor disso.

8. Quando uma das máquinas de café está fora de serviço, usualmente a outra também o estará.

9. Há quem escreva piadinhas oportunas nos apontamentos de que se serve para leccionar as aulas.

10. Economia Política II é, na verdade, Finanças Públicas.

11. Vais tirar as piores notas com mais estudo e as melhores com menos estudo.


12. Há quem se presuma professor quando é, de facto, um lente.

13. Os professores flirtam uns com os outros.

14. Finanças Públicas é, na verdade, Direito Fiscal.

15. Os professores são alegremente mexeriqueiros.

16. Não importa que as outras Faculdades de Direito públicas nos ignorem quando somos queridos por Faculdades de Direito estrangeiras.

17. Os professores *odeiam* Coimbra.

18. Os professores *veneram* Lisboa.

19. Direito Fiscal é, na verdade, Literatura Jurídico-Económica.

20. Os professores orgulham-se dos alunos.

21. É boa ideia aprender alemão.

22. É óptima ideia aprender latim.

Digam lá, agora... Confirmações? Reclamações? Acrescentos?